Uso do X durante bloqueio gera polêmica jurídica: especialista explica riscos
- Yones Segall
- 20 de set. de 2024
- 2 min de leitura
A investigação sobre quem utilizou a rede social X (antigo Twitter) após a imposição de um bloqueio judicial se tornou um ponto controverso, segundo o advogado André Marsiglia. Em entrevista à CNN, Marsiglia destacou que a mudança na interpretação da decisão judicial trouxe insegurança jurídica para os usuários, levantando questionamentos sobre a privacidade e o uso das plataformas digitais sob restrições legais. A complexidade do caso reside na definição de quem pode ser responsabilizado por descumprir a ordem e quais os limites da fiscalização.
O advogado constitucionalista André Marsiglia levantou questões sobre a recente decisão de investigar usuários da rede social X (anteriormente Twitter) que acessaram a plataforma após seu bloqueio no Brasil.
Durante sua participação no WW, Marsiglia destacou a aparente mudança na interpretação da decisão judicial original.
Segundo o especialista, a decisão inicial do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), focava na utilização de “subterfúgios tecnológicos” para acessar a rede, não considerando as plataformas em si como ilícitas.
“Não eram as redes que eram consideradas ilícitas, então acessar as redes não seria o problema, e sim se valer de subterfúgios tecnológicos”, explicou Marsiglia.
Mudança de interpretação gera incertezas
O advogado apontou uma aparente mudança na abordagem, com a nova decisão focando no “uso extremado” ou recorrente da plataforma.
“Agora ele diz que o uso extremado, quer dizer, o uso recorrente é que seria o problema, então não seria o uso por subterfúgios, mas seria um uso apenas reiterado, ou recorrente”, observou.
Esta alteração na interpretação da decisão judicial levanta preocupações sobre a segurança jurídica para os usuários da rede social. Marsiglia ressaltou:
“Muda-se a decisão. Não sabemos se é uma nova ou se é uma decisão que interpreta de uma forma diferente a própria decisão anterior. Claro, isso gera uma insegurança jurídica nos usuários todos”.
A controvérsia surge em meio a um contexto mais amplo de tensões entre o X, seu proprietário, Elon Musk, e as autoridades brasileiras.
A plataforma enfrenta multas pela reativação de contas previamente bloqueadas por ordem judicial, enquanto a empresa de internet via satélite Starlink, também de propriedade de Musk, é alvo de investigações por supostamente facilitar o acesso à rede social bloqueada.
O caso levanta questões importantes sobre liberdade de expressão, regulação de redes sociais e os limites da jurisdição nacional em um ambiente digital globalizado.
À medida que o debate se desenrola, usuários e especialistas continuam a acompanhar de perto os desdobramentos legais e suas implicações para o uso de plataformas de mídia social no Brasil.
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